sábado, 22 de setembro de 2012

Poesia boba da massinha... boba.

Esse post tem trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=satMi-rws1A

Meus filhos têm cheiro de esfiha.
Quando chega a hora da birra,
Deixo que se esparramem com farinha e água.
“Mãe, quero uma geleca nova.”
Felicidade branca, eis a prova.
Farinha e água na bacia
Mão na massa, chão coberto de poeira
Quem tem qualquer receita de alegria?
Leio devagar, trigo ou rosca,
Lá vai a história da mãe tosca.
Põe mais água, joga manteiga – e nem pergunta o tamanho do estrago
O pequeno ri sozinho, o mais velho amassa feliz
E no pensamento velho e vago
Sou a melhor das mães – por um triz.

Essa noite foi das boas. Falei com minha vó sobre o Boni
E ela já viu entrevistas, sabe de tudo.
A espanholinha é foda, aos oitenta e seis

Sabe bem mais que eu
Sabe bem mais que vocês.
Mas ei, quanto vale a permuta?
Ser sabida e recatada ou ser preguiçosa e puta?
Esse poeminha não é pra criança

E casa com capas de revistas velhas
Vó, cê sabe quem vem hoje?
O Saci Pererê dos mortos, que não deixa Isminha dormir.
O monstrinho de dedos estranhos
A monstrenga que não respira direito
E nada assusta mais do que a dor roxa que a gente leva no peito.
Por isso eu faço massinha
Água, mãozinhas sujas de branco e farinha
Pra que mais, me diz?
De novo - e pra sempre -, nunca pensei que pudesse ser feliz.
 

2 comentários:

  1. Trilha sonora ímpar pra um poema denso.
    Que as dores roxas nunca tenham espaço, em meio a massinha e felicidade.

    Saudade.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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