domingo, 9 de maio de 2010

As grávidas de Polanski



VIDEOTECA DA MULHER GRÁVIDA


O Bebê de Rosemary

Categoria: terror macabro

País/ano: EUA, 1968

Duração: 136 minutos

A direção é de Roman Polanski, “aquele pedófilo genial”, segundo meu marido. Esse filme é para corações valentes e grávidas que têm passado tão mal que precisam com urgência saber que a coisa poderia ser muito, mas muito pior. Você tem vomitado até as tripas, sentido tontura sem tomar porre e um cansaço de fim de feira antes mesmo de levantar da cama pela manhã? Tá achando que sua gravidez é a mais sofrida de toda a história da Humanidade? Pois esse é o filme certo pra você. Às favas com a solidariedade – manter o bom humor nessas horas é questão de sobrevivência.

Interpretada pela esquálida e sem sal Mia Farrow no auge de sua juventude (bonitinha, sim, mas depois de cinco minutos de filme a gente já entende por que Woody Allen a trocou pela filha adotiva), Rosemary é uma mocinha bem-casada e feliz, pronta pra viver a tríade dos sonhos de qualquer mulher: o grande amor, a casa nova e a primeira experiência de maternidade. É quando ela e o marido se mudam para um prédio novaiorquino onde mora um casal de velhotes bem bizarro – a senhora, xereta e entrona, não sai do pé da nossa protagonista; e o senhor, aparentemente cheio de boa vontade e pacatão, passa a manter longas conversas secretas com a anta do jovem marido. Já bastante sufocada e irritada pela presença constante dos dois abutres, Rosemary consegue engravidar – e é aí que os absurdos começam de verdade.

Com total consentimento do pai da criança, o casal de vizinhos se impõe com tudo à pobre frangota, forçando goela abaixo as vitaminas que ela deve tomar durante a gestação (e que a velha louca prepara pessoalmente com ervas fedorentas que cultiva em seu apartamento) e até escolhendo o respeitadíssimo médico-obstetra que irá atendê-la. Pra melhorar a situação, Rosemary é acometida por dores horripilantes desde o primeiro dia da gravidez – e tanto o médico quanto o marido e os vizinhos insistem em dizer que não é nada grave, vai passar. Aos poucos a gravidinha entra numa piração completa, não sabe mais o que é delírio e o que é realidade e se vê vítima de uma conspiração diabólica (sim, ao pé da letra).

Será que a criança que cresce naquela barriguinha esturricada é mesmo um bebê inocente? Será que ela tá ficando louquinha da silva e tudo não passa de complexo de perseguição por causa da ebulição hormonal? Ou será que seu doce marido não é o anjinho miojal que ela pensou que fosse? Seja como for, a moça luta até o fim pra manter a sanidade e proteger seu futuro rebento das forças maléficas que ela acredita estarem atrás dele.

Para mamães curiosas: se a ideia é aumentar a intensidade dos arrepios, saiba que o diretor usou um grupo satanista de verdade pra fazer uma cena ritualística medonha que aparece no filme. E o mais assustador é que, pouco depois do fim das filmagens, a atriz Sharon Tate – esposa do cineasta – foi assassinada em um ritual macabro da seita satânica comandada pelo crazy serial killer Charles Manson. Detalhe: ela estava grávida de 8 meses. "Cazz'inculo, La Maman!" Pois é. Vai encarar?

DICAS DO MOMENTINHO CINEMA:

- Ver com um balde enorme de pipoca no colo, afinal o filme é brilhantemente tenso, mas não contém nenhuma cena de virar o estômago (fora as vitaminas verdes que a velha prepara, claro);

- Se seu marido ou namorado estiver junto, firmar previamente um acordo tácito em que:

a) você não vai acabar o filme olhando pra ele com o rabo do olho e desconfiando toda vez que ele te oferecer um copo d’água;

b) ele não vai cavar briga no meio do filme só porque a Rosemary confia mais nas antigas amigas do que no próprio marido – afinal, no contexto em que a pobrezinha se encontra, faz todo o sentido do mundo achar que o marido é o próprio demo.

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