sábado, 24 de abril de 2010

Para mães de primeira viagem

Diretamente do diário de bordo de minha primeira gravidez, quando esperava o grande Ismiggles, para as mães que pretendem engravidar em breve ou estão passando por isso agora. E para as que estão passando pela segunda, terceira, quarta in-utero-trip. Afinal, é sempre bom relembrar.

Filhos em bastão

Beberrona e fumante compulsiva, nunca pensei que fosse engravidar tão fácil. Primeira lição: vida sexual intensa com parceiro fixo de esperma espantalhosamente denso dá nisso. Por mais que você beba litros de vinho e vodca toda santa semana – às vezes até dia-sim-dia-não, dependendo do nível de irritação com a vida – e fume maços e maços de cigarro deliberadamente, não tem jeito. Situações fecundas são situações fecundas, desde que o mundo é mundo e os fatos óbvios são óbvios.

É assim que meninas de 14 anos engravidam do primeiro namorado, mesmo que deixem pôr só a cabecinha; é assim que imbecis de 19 engravidam na balada, por mais que o infeliz goze fora; é assim que certas modelos-atrizes poliglotas conseguem pensões milionárias passando uma única noite de orgia na companhia de astros internacionais do rock; e é assim que moças como eu, que estão começando a pensar em se preparar para a primeira gravidez, mijam num pedaço de plástico e acabam com um belo sinal positivo, azul e ainda pingando, entre os dedos.

Não era pra tanto, mas juro que fiquei surpresa. Meu marido andava cantando a bola já tinha uns tempos – na verdade, ele já cantava quase antes mesmo de me levar pra cama pela primeira vez, de tanto que queria ser pai. Acontece que a gente fica esperando sentir alguma coisa especialíssima, como um Gremlin brotando das entranhas ou um bebê de Rosemary mordiscando as paredes do útero. Nada. Meus peitos incharam como numa pré-menstruação (no que já aproveitei para abusar dos decotes, que esses são os cinco dias do mês em que me sinto um tanto belucciana), ficaram doloridos e só. Nada de enjôos, nada de tonturas. Infelizmente, a barriga não endureceu.

A única coisa que mudou em mim foi pontual – e pontualmente – quando o positivo azul despontou no palito de farmácia: vou ser mãe. O primeiro pensamento foi para meu marido, que esperava do lado de fora, de tromba armada por alguma discussão patética que tivemos na véspera; o segundo foi para minha mãe, que eu gostaria que estivesse viva pra ser a primeira a saber da novidade; o terceiro foi para o maço de cigarros, que carregava os meus três últimos moicanos – sim, fumante é um serzinho doente. Vou ser mãe.

O teste de farmácia (ou momento-privadão)

Não tem coisa mais fascinante do que essa história de teste de farmácia. A coisa funciona mais ou menos assim: quando você engravida, começa a produzir grandes quantidades de um hormônio chamado hCG. Atenção para o glamour da nomenclatura – é a gonadotrofina cariônica humana. Preferia nem saber, né? Pois bem, vou me ater às informações úteis. Esse hormônio começa a ser liberado no sangue quando o óvulo fertilizado da moça se implanta na parede do útero. E um pouco do hCG também chega à urina, então voilà! É assim que um bastãozinho plástico que você tira de uma embalagem que mais parece de chiclete vai detectar se você está ou não grávida.

As instruções de uso poderiam ser tão simples que eles acabam dando uma complicada só pra dar graça. São parágrafos e mais parágrafos explicando apenas como e por quanto tempo você deve mijar no palito. Então não se assuste e retenha só o seguinte:
- A primeira mijadela do dia é sempre mais concentrada e, portanto, mais frutífera. Aliás, grande parte dos testes só detecta a gravidez nesse primeiro xixi (os que funcionam a qualquer hora do dia são mais caros). Enfim, não troque o certo pelo duvidoso e faça o teste logo na primeira sentada – afinal, nada mais digno do que descobrir que seu filho foi revelado no jato mais bem informado, culto e cheio de conteúdo que a mamãe poderia disparar!
- Deixe o bastão na posição que eles pedem – ponta esponjosa virada pra baixo;
- Se o xixi travar, pense em cachoeiras, passarinhos e passarás. Passada a tensão, deixe o amarelinho sair bravamente, como se fosse sua primeira mijada depois de nove cervejas e 10 quilômetros caminhados sem ter um único banheiro à vista;
- Tire o bastão do jato de xixi assim que se passar o tempo indicado na bula (normalmente, são só uns 5 segundos) e acabe tranqüila.
- Agora é esperar. Se aparecer uma simbólica cruz na janelinha, minha amiga, só tenho duas alternativas...

1- Parabéns! Você está grávida! Corre pra contar pro pai ansioso, antes que ele acabe de roer as unhas e comece a mastigar a ponta dos dedos!

2- Respire fundo e pense bem no que vai fazer. Só espero que o pai não seja aquele BABACA pra quem você deu bêbada dois meses atrás e que jurou de pé juntos que nunca mais encontraria nessa encarnação. E Boa sorte!

Claro, como nem tudo é perfeito, o teste de gravidez de farmácia pode dar errado. Seja porque você se atrapalhou com aqueles parágrafos e parágrafos complicados das instruções, seja porque você está grávida há tão pouco tempo que o nível de hCG na urina ainda não aparece ou seja simplesmente porque você é ruim de mira pra cacete. De qualquer forma, fique atenta à sua menstruação. Se depois de uma semana a danada teimar em não descer, faça novo teste. E procure seu médico, sempre (como esse detalhe consta em tudo quanto é texto que a gente lê na vida, não vou fugir à regra). O exame de sangue feito em laboratório (que preste, por favor) é mais elaborado e tem uma precisão de praticamente 100% já uma semana após o coito. Você não adora esse termo? “Oi, querida, o que você aprontou ontem?” “Putz, Fê, eu coitei a noite inteira!”. Então, se você tá aí ficando careca de tanta tensão, moleca, eis o seu remédio: vá e faça já o seu! Assim não restarão dúvidas e você já decide de uma vez por todas se vai continuar acompanhando esse blog ou se vai denunciá-lo como lixo internético.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bi,

    Não sei oq é melhor: a didática, a linguagem ou a sinCeridade.

    Fico semi-analfabeto qdo tenho sono...

    Bjo

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  3. Ei, Marcelito, the late-night-reader! Pode apostar que a sinceridade vai ganhar o páreo. Vem cada bomba... hahaha. Beijão!

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