Quero que meus filhos cresçam acreditando na morte. A morte na
sua elegância exata, assim como ela é, rodriguiana, reconvexa e amedrontadora.
Não sou gótica nem cultuo estatuetas de magia negra escondidas
no fundo falso do armário, oxalá. Mas tenho a certeza absoluta de que acreditar
na morte faz a gente ser melhor – e conseguir, dia sim, dia não, fazer um pouco
mais por nós mesmos e por quem gostamos de gostar. Porque aí não tem essa de
paraíso, segunda chance, sete vidas, estamos-aqui-só-de-passagem-e-deixa-que-eu-empurro.
A única oportunidade pra fazer qualquer merda, eloquente ou não, boa ou não, é
agora. Quer tirar a prova dos sete? Morre aí e me conta. Se um dia neguim vier
cutucar o dedão do meu pé pra provar que tô errada, juro que faço um “vale este”
nesse blog. Ra.
Não gosto de conversas sobre fim do mundo, salvação de
poucos e bons e também dos que estiverem em cima do morro estocando feijão. Se
o mundo acabar, ninguém se salva, a não ser as bactérias que vivem em
promiscuidade abundante com certos funguinhos no fundo do mar. Na minha casa
não tem poréns ou pecados – apenas a promessa doída de que a gente faz, com erros,
suor e muito carinho, o possível pra que eles vivam felizes e durmam um sono
mais gostoso. E pra que a morte seja um ponto e vírgula, não só um ponto, se a
gente conseguir deixar qualquer legado bacana. Amém.